Thursday, April 06, 2006

Ode ao 10

Existem dois tipos de alunos: os que dizem “tive 10, quando é a melhoria de nota?” e os que dizem “ena, tive 10”. Obviamente que me incluo no último grupo, e com justificado orgulho. Ostento bem alto cada 10 que tive na Universidade.O 10 é demasiadamente subestimado. Ninguém compreende o génio que se esconde por trás dele. Ter 0 ou 20 é aborrecidamente fácil – para ter 0 basta não fazer nada, para ter 20 apenas tenho de fazer tudo. Para obter um redondo 10 tenho de arranjar um equilibrio perfeito entre responsabilidade e calonice, entre estudar e viver, entre dever e direito, tudo ao mesmo tempo. Por isso mesmo, ter 10 não está ao alcance de qualquer um. Eu sei bem a trabalheira que é conseguir tal número, temos de ir tomar cafés com amigos, estudar a ouvir música, formar grupos de estudo de cerca de cinco pessoas, intercalar cada meia hora agarrado ao livro com uma hora e meia de televisão, fotocopiar apontamentos desactualizados do semestre passado, telefonar de véspera a um “tive 10, quando é a melhoria de nota?” para perguntar o que é que sai no exame... é de um cansaço extremo.
Ainda sobre isto, gostaria de dizer que os alunos “tive 10, quando é a melhoria de nota?” são vergonhosamente mais favorecidos que os alunos “ena, tive 10”. Digo isto porque se um bom aluno, por engano, obtém a perfeição do 10, tem direito a uma melhoria de nota. Nós, os “ena, tive 10”, se por acaso nos corre mal o exame e nos calha um 11 ou um humilhante 12, não temos direito a uma pioria de nota.


Fonte e "special thanks to": voo497paramacau.blogspot.com