Thursday, September 20, 2007

Requiem (13-9-2007)

Salva-me!
Dizes tu, deitada nessa cama fria.
Primeiro, implorando.
Depois, à medida que a faca se aproxima do teu peito,
Ordenas-me: salva-me!
Cortam-te. A incisão é pequena,
mas a ferida no teu orgulho é muito maior.
Assim exposta ao mundo estás fraca
e a pedir por salvação.
Não resisto, aperto-te a mão e beijo-te a testa suada.

Tudo acabou depressa. E ouço o teu murmúrio:
Obrigada, Orlando, por me salvares.

3 comments:

Anonymous said...

É impressão minha ou temos aqui um texto pseudo-intelectual, uma imitação barata do estilo de Loubo Antunes?
O que é que querias transmitir com este texto, filha da ilha?

Daisy Caladwen said...

Bom, em princípio era para deixar à interpretação de cada um... mas já que, tal como o Lobo (não Loubo) Antunes, aparentemente escrevo textos crípticos, farei o melhor por explicar a minha intenção. como tenciono seguir medicina, pensei em como se sentiria um paciente ao ser operado sob anestesia local. e como normalmente todos os meus textos são escritos tendo como sujeito poético uma primeira pessoa feminina a dirigir-se a uma personagem masculina, decidi variar e fazer um texto em que a perspectiva fosse não a da pessoa a ser operada mas sim a do seu companheiro (tendo portanto feito um texto cujo sujeito poético é masculino). E a pessoa a ser operada é uma mulher, possivelmente a sofrer uma mastectomia. é um tipo de intervenção cirúrgica em que a mulher se sente exposta ao mundo e humilhada, tal como um homem se sentiria ao ser operado, digamos, à próstata. Daí o "orgulho ferido". Mais esclarecido/a?

PS - é mesmo impressão sua, porque nunca li um texto de lobo antunes.

campeao said...

Até concordo com o posto de alguém quando não sabe o que o texto transmite. Eu não percebia o contexto, as personagens.
Ainda que não goste muito deste género literário, tenho que elogiar as traduções feitas.
Continua!